domingo, 8 de fevereiro de 2009

Updates sunday

De manhã apenas estiveram os pais com a Tânia. A situação dela mantém-se reservada, embora se consigam ver alguns movimentos com os olhos, a boca e o pescoço. O tempo que passaram com ela deram-lhe festas e conversaram, dizendo-lhe que gostam muito dela, que é o mais importante numa altura destas.

À tarde, entrou primeiro o Cláudio, que ficou lá quase uma hora, a falar e a dar a mão à namorada. Veio, preocupado com a situação, porque sabe que é muito grave mas, com a sensação de que ela tinha reagido às palavras dele. A Tânia mexeu os olhos, pescoço e boca, dando a sensação de que queria falar. Entraram de seguida os pais, um de cada vez. A mãe veio um bocadinho mais triste do que de manhã porque não conseguiu observar qualquer tipo de reacção na Tânia, tendo inclusivé perguntado à enfermeira se estava tudo bem.

Quando eu cheguei, a mãe tinha acabado de sair e notava-se no seu rosto e palavras a sua apreensão com a situação. Disseram-me que o Dr. Baquero tinha estado a falar com eles de manhã e que lhes tinha dito para não se agarrarem a pequenos movimentos e gestos porque são gestos reflexos, a Tânia está em coma e não consegue ainda reagir ao exterior. É como se estivesse ausente. O Dr. Baquero disse-lhes ainda que eles têm que ter a consciência de que o estado dela é bastante grave, e que, a qualquer momento a Tânia pode morrer, perguntou-lhes se eles tinham essa noção e reafirmou que essa foi sempre a informação que ele lhes deu. Apesar disso, ele e a sua equipa tudo estão a fazer para contrariar as poucas probabilidades que a nossa amiga tem. A Tânia continua a ser muito bem tratada por uma equipa excelente, está confortável, sem dores mas, infelizmente continua em coma.

Despedi-me dos pais e do Cláudio e entrei para ficar com a minha amiguinha o tempo que me deixassem. Entrei apreensiva porque estava à espera de não ver qualquer tipo de reacção, como tinha acontecido com a mãe e assim foi, durante cerca de meia hora. Fiz festas no ombro da Tânia, fui-lhe dizendo que gostava muito dela, mandei beijinhos de todos quantos me lembrei e contei-lhe alguns episódios engraçados de momentos que passamos juntas.

Depois, foi muito bom. Cantei-lhe uma canção que não me sai da memória desde que ela foi novamente operada: You are my sunshine, e ela abriu os olhos. Parecia que me olhava. Falei-lhe dos olhos lindos que tinha e disse-lhe que estava ali para a apoiar no que pudesse. Ela mexeu o pescoço e a boca tal como o Cláudio me tinha contado, mas verifiquei que o fazia quer eu falasse ou não. Ao mesmo tempo que parecia que reagia às minhas palavras, também parecia que apenas estava a ajeitar os tubos na boca.

A enfermeira estava a tirar sangue para análises e eu perguntei-lhe se ela estava a sentir porque tinha aberto os olhos. Ela reafirmou que a Tânia não está a sentir qualquer tipo de dor física. Perguntei-lhe se ainda estava sedada da operação e disse-me que não, que não precisa e que ainda se encontra em coma. Falei-lhe da reacção à música e dos movimentos que fez com a cabeça quando ela lhe tirou sangue e ela disse-me que o que vemos são actos reflexos, que, por muito que nós gostássemos que fossem reacções à nossa voz ou toque, são apenas actos reflexos porque ela ainda não saiu do coma.

Agradeci-lhe as informações e ali fiquei a conversar e a fazer festas à Tânia. Vim-me embora quando já passava bastante do fim da visita, com pena de não poder ficar lá com ela.

Muitos bêjos para a Tânia.

In the morning, Tânia’s parents were the only visitors. Her condition is still critical, despite the eye, mouth and neck movements. Her parents caressed her and told her how much they love her. That’s very important.

The first afternoon visitor was Cláudio. He stayed there for about one hour, talking and holding his girlfriend’s hand. He was very concerned and is aware she’s still critical, but thought she reacted to his words. Tânia moved her eyes, neck and mouth and it seemed as if she wanted to talk.
Then, her parents went in, one at a time. Her mother was sadder, because she didn’t notice any reactions and asked the nurse if everything was ok.

When I arrived, Tânia’s mother face showed she was very apprehensive. Dr. Baquero had been talking to the parents and told them those movements are reflexive. Tânia is still in a coma and doesn’t react to exterior stimuli. The doctor also told them they need to be aware that she’s in critical condition and she can die anytime. He always told them that. Still, he and the medical team are doing all they can to beat the odds. Tânia is being treated by an excellent team, she’s comfortable, feels no pain, but, unfortunately, she’s still in a coma.

Then, I got in the room to spend as much time as possible with my little friend. I wasn’t expecting to see any reactions and there were none for about one hour. I caressed Tânia’s shoulder, told her I loved her very much, told her everyone had sent kisses and talked about some funny moments we had together.

Then, it was very good. I sang a song that’s in my mind since the last surgery she went through: You are my sunshine, and she opened her eyes as if she was looking at me. I told her she has beautiful eyes and that I would be there for her no matter what. She moved her head and neck, just as Cláudio had told me, but she did that also when I wasn’t talking. It seemed she was reacting to my words, but it also seemed she was just trying to move the tubes in her mouth.

A nurse was taking blood from her and I asked if Tânia was feeling it. The nurse said Tânia doesn’t feel anything. I then asked her if she was still sedated and the nurse said she doesn’t need sedation, she’s still in a coma. I asked about the reaction to the song and about the head movements and she also said those are reflexive. She’s not out of the coma.

I thanked the nurse and talked and caressed Tânia a little more. I left long after the visitation hours were over, sorry for not being able to stay with her.

Lots of kisses for Tânia.

4 comentários:

  1. OI Loca...
    mais um dia se passou...
    sinceramnte não sei que escrever, ando sem palavras...mas sempre cheia de esperança e fé na Tânia, acredito que ela vai ficar bem, mais vale demorar um pouco mais mas ficar tudo bem.
    So a posso ir visitar na 4a feira
    mas aproveito também que outra amiga nossa de infância (a Daniela) esta de folga e vamos juntas.
    até la venho ver noticias da Tânia aqui mas na 4a quando chegar a casa venho aqui deixar as minhas noticias para todos.
    Beijocas...
    Força para todos...

    ResponderEliminar
  2. Obrigada Soraia. Com a tua visita e da Daniela na quarta, já temos garantidas visitas nos três primeiros dias da semana, que bom.
    Bêjos para vocês duas.

    ResponderEliminar
  3. Pois...
    ...não foi minha intensão criar falsas esperanças a ninguém, tanto mais que também disse que a enfermeira me tinha alertado para apesar "daquela reacção" ao nome da Bikovska, teriamos que estar preparados para tudo (e disse-me isto com lágrimas nos olhos). Estou ciente do estado gravíssimo da Snow e disse-o à D. Céu, sei que o desfecho pode não ser o que nós todos desejariamos, mas ontem foi um dia, hoje é outro, amanhã já será diferente... É assim com todos estes casos!
    Continuo com esperança consciente, porém, de tudo o que pode acontecer, e sei o que senti, vi e a enfermeira constatou. Não senti , tal como a Marcenda, distanciamento por parte da Snow. Senti ao invés a presença dela, através da audição e do tacto. Ela soube que eu estive lá. Senti que gostou da minha presença e ninguém me diga que ela não tentou, como poude, demonstrar a vontade de ouvia a Bikovska- até porque eu disse isso à enfermeira e ela, com os olhos rasos de lágrimas, concordou e acedeu. Pode ter sido apenas um episódio, mas aconteceu.
    E não, não pus a vida da Tania em risco porque eu questionei a enfermeira e ela me disse que era um estímulo normal, que bastava controlar e que por isso é que ela estava ali. Podia acontecer em qualquer altura, com o que quer que fosse, até com uma beliscadela para saber da reactividade dela à dor.
    Céu: lamento que o Dr. Bacchero a tenha desiludido e dito o que não gostaria de ouvir, mas ele apenas a alertou para que esteja preparada para tudo e isso todos sempre lhe disseram, não foi?
    Eu também tento ficar preparada para tudo, mas com muita esperança....
    Ainda não lhe foi feito a TAC e por isso ainda ninguém sabe exactamente quais as zonas lesadas. Os médicos e enfermeiros defendem-se o que é normal.
    Eu também já tive outras experiencias com pessoas em coma e há uma ligeira diferença. Para além disso contactei com uma enfermeira que me informou de tudo o que possa estar a passar-se e não descartou a hipotese do estímulo consciente, frisando bem frisado que nestes casos os médicos "preferem defender-se".
    Adoro-te, Tania
    Obrigada, Loca

    ResponderEliminar
  4. Esperança,força,tudo agora é pouco!A menina está a passar por algo q não se deseja a ninguém,e a família mais próxima uma dor imensa...Mtas xs queixamo nos da vida,da crise,de tudo e de nada,e esta situção demonstra o quanto pequenos somos e insignificantes.
    Mas a FORÇA,A ESPERANÇA,isso NÃO PODE TERMINAR!
    A menina terá forças e sairá vencedora!!
    Beijinho mto grande!

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.